lola montes

ir a madrid e não ir ao black and white é como ir a lisboa e não ir ao finalmente dizer olá à tia debbie. desde 1982 no activo, muito antes de a chueca ser o epicentro da vida paneleira de madrid, o black and white é um local de passagem obrigatória para quem tem gosto pelo bas fond esporádico e sabe apreciar uma boa noite na face lunar da movida.

já por lá passaram divas como sarita montiel, la terremoto de alcorcón ou carmen de mairena.
na noite que nos calhou em sorte, a primeira do city break, vinhamos já bastante recheados de verde da galiza e licores de ervas. los huevos de lucio é o sítio perfeito para começar a noite. comece pela barra com umas cañas e prove os ovos do lúcio. depois sente-se a apreciar os espargos verdes grelhados e o solomillo de buey a la plancha. seja simpático com os empregados que certamente o serão consigo também. (o nosso disse que se podia fumar na casa toda, menos charros. mas que se resolvessemos fumar um, que o chamássemos e no fim ofereceu-nos shots. cinco euros de gorjeta, bem merecida).

demos com o black and white depois de muitas voltas de mapa na mão. (as vezes que nós gozámos com os paneleirotes da província no meio do príncipe real de mapa da ilga na mão à procura do quarto escuro pagaram-se caras.)

naquela noite, a cicerone era uma senhora chamada lola montes. a lola montes não gosta de portugueses, diz que temos demasiados incêndios. nós dizemos que é porque somos muy calientes.

a lola não gosta de estar vestida e gosta que lhe mandem moedas para cima, para ela se rebolar toda nua em palco a apanhá-las do chão. lola, do cimo dos seus talvez 60 anos, posa para fotos em poses sensuais com nada mais que uma tanga minúscula vestida. a lola canta com a sua própria voz, recheada de sedimentos de ducados. a lola faz a melhor performance de travesti minimalista do mundo ao som de monica naranjo, mas infelizmente não se percebe se é arte ou droga a mais.

cada cerveja de qualidade minimamente aceitável (estamos em espanha, yah) vai-lhe custar €6 mas não há consumo obrigatório. mesmo assim, da primeira vez que a lola meteu uma mama de fora a única coisa que me vinha à cabeça era: preciso de ficar bêbado depressa!